sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Para ir ao Mundial Rafaela desbanca o maior nome do judô feminino.

23.07.2009
Rio de Janeiro - RJ

VAGA NO LUGAR DE MEDALHISTA.
Para ir ao Mundial, Rafaela desbancou o maior nome do judô feminino no país: Ketleyn Quadros, medalhista de bronze em Pequim-08. Apesar da idade e da pressão por ter tomado o lugar de uma judoca com mais fama, ela não se intimida.

"Sei que vão falar e cobrar. Claro quer a Ketleyn é muito talentosa, mas vou procurar fazer o melhor possível. Não posso ficar pensando nisso. Tenho que ir lá e fazer o meu judô. Só assim que conseguirei algo de bom na competição", afirma.

Flávio Canto tem história no judô brasileiro. Ícone da modalidade no Rio de Janeiro, ele ainda tem no currículo a medalha de bronze nos Jogos Olímpicos de Atenas, em 2004. Mesmo com um bom retrospecto, o brasileiro, nascido na Inglaterra, está fora da equipe que vai ao Mundial de Roterdã, de 26 a 30 de agosto. No entanto, é lembrado por dois integrantes da delegação.

O veterano é o "responsável" pela convocação de dois atletas do time que vai lutar no Holanda. O primeiro é Nacif Elias, que ficou com sua vaga no Mundial graças a um empréstimo do medalhista olímpico. A segunda é Rafaela Silva, aluna do projeto social de Canto na Cidade de Deus, no Rio de Janeiro.

Aos 21 anos, Nacif ganhou a vaga na seleção entre os meio-médios (81 kg), que seria de Canto, graças ao vice-campeonato no Grand Slam do Rio de Janeiro. O resultado só veio graças ao rival. "Eu usei a calça dele. Depois, brincando, ele ainda disse: 'metade dessa medalha é minha'", contou o judoca de Vitória, no Espirito Santo.

Estudante do primeiro ano de educação física, ele elogiou a postura do veterano. "Ele é um grande amigo. Um cara campeão e que sempre me deu apoio. Apesar de tê-lo como um adversário dentro do tatame e por vagas em competições, é um cara que está sempre disposto a ajudar os outros."

Ajudar, aliás, é o que Canto fez com Rafaela. Saída de seu projeto social, o Reação, ele foi um dos responsáveis pela transformação da garota na grande revelação da temporada do judô brasileiro. Canto até conseguiu uma escola particular para que a judoca estudasse.

Em 2008, no sétimo ano do ensino fundamental, ela teve problemas para dividir seu tempo entre o tatame e a escola. O êxito no esporte não se repetiu nas provas, e ela acabou reprovada. A carga pesada de treinos, de cerca de seis horas por dia, e as viagens pelo mundo deixaram Rafaela sem tempo necessário para se dedicar a "passar de ano".

"Não dava para conciliar as duas coisas. É muito complicado. Passava grande parte do dia treinando pesado e, além disso, tem as viagens, que sempre me tiram do país por um tempo grande. Por isso, acabei não passando", explicou. Apesar da 'bomba', a judoca não pensa em abandonar os estudos. De olho no futuro, tem o sonho de se formar em Educação Física.

Nascida na Cidade de Deus, comunidade carente na Zona Oeste do Rio de Janeiro, Rafaela não se ilude com a possibilidade de levar a vida apenas como judoca. "Sei que agora está difícil e não dá para levar bem os estudos, treinos e viagens. Mas tenho o sonho de me formar em educação física e poder ensinar judô no futuro. É o que eu quero", disse.

Em 2009, Nacif participou de uma temporada de treinos na Europa. Para ele, o tempo, curto, foi inesquecível. Foram 25 dias que, afirma, vão fazer toda a diferença no Mundial, em agosto.

"Fiquei um mês treinando na França e ainda lutei na Romênia e Portugal. Foi muito bom. Estava precisando dessa experiência. Voltei diferente, bem melhor. Posso sentir isso", explicou.
Fonte: Uol

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