12.05.2009
São Paulo - SP
Com defasagem histórica, ligeiros preocupam seleção para Londres-2012
O judô brasileiro enfrenta problemas na mais leve de suas categorias: faltam ligeiros para disputar as Olimpíadas de 2012 em alto nível. A constatação foi feita pelo técnico da seleção brasileira, Luiz Shinohara. Segundo ele, Denílson Lourenço, atual titular da equipe na categoria, não deve chegar a Londres com condições de brigar no mesmo patamar dos demais competidores. Além disso, historicamente, o Brasil jamais se destacou nesta faixa de peso.
"O Denílson vai estar com 34 anos nos próximos Jogos. Por mais que ele, ou qualquer outro judoca, queira lutar e treine para isso, não consegue brigar em alto nível com essa idade. É complicado", afirmou Shinohara, que lutava na categoria ligeiro quando atleta e chegou a conquistar ouro, prata e bronze em três Pan-Americanos.
Os ligeiros sempre tiveram menor destaque que as demais categorias. O melhor resultado do país na menor faixa de peso foi um bronze no Mundial de 1997 com Fúlvio Miyata.
No último ciclo olímpico, os melhores resultados foram dois quintos lugares no circuito europeu com Lourenço. Em outras categorias, teve quatro títulos mundiais e voltou com um bronze de Pequim. "Ele [Denílson Lourenço] é muito bom. Mas não está evoluindo. Além de descobrir novos talentos, esse grupo ajuda a movimenta a categoria, faz com que ele, que é titular, busque crescer cada vez mais para manter esse posto", completou o treinador da seleção.
Para descobrir novos talentos que possam substituir Lourenço, a comissão técnica decidiu realizar em São Paulo uma série de treinos específicos. O grupo é conduzido por uma comissão de notáveis ligeiros, da qual Shinohara, Miyata e Henrique Guimarães fazem parte.
No entanto, os aspirantes à vaga olímpica na faixa até 60 kg jamais conseguiram grande destaque. Jovens como Felipe Kitadai, Charles Chibana e Breno Alves só subiram ao pódio em competições continentais ou em etapas da Copa do Mundo do Brasil.
A falta de renovação na categoria, para muitos, é explicada pela dificuldade dos judocas em conseguirem se manter com menos de 60 kg. Desta maneira, muitos acabam subindo de categoria, passando aos meio-leves (-66kg). Foi o caso de João Derly, que em 2002 colecionou quatro medalhas no circuito europeu de torneios e, depois, veio a se tornar bicampeão mundial com um pouco mais de peso.
"A situação dos ligeiros realmente está delicada. Quem começa a se destacar acaba subindo de categoria, como aconteceu comigo", disse Derly. Mas ele não é o único. Alexandre Lee, medalha de bronze no Pan do Rio de Janeiro, em 2007, também abandonou os ligeiros e passou aos meio-leves.
O próprio Lourenço cogitou deixar a categoria nesta temporada. Desistiu porque entendeu que se manter com 60kg era menos complicado do que encarar Derly pela titularidade da seleção. "Eu teria que começar tudo de novo em uma nova categoria e teria que brigar com o Derly, que está entre os melhores judocas do mundo. Então achei melhor desistir desse projeto e continuar lutando contra a balança", afirmou o judoca.
Bruno Império
Fonte: Uol
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