sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Sem apoio pela 1ª vez desde a adolescência, Canto deve lutar pelo Pinheiros.

01.04.2009
Rio de Janeiro - RJ


Sem apoio pela 1ª vez desde adolescência, Canto deve lutar pelo Pinheiros

NA escassez de recursos que o esporte olímpico vive no Rio de Janeiro deve fazer de Flávio Canto sua mais nova vítima. Medalhista de bronze nos Jogos Olímpicos de Atenas-2004, ele está sem patrocínio desde o início do ano. A situação é inédita em sua carreira - desde a adolescência ele conta com apoios para praticar o esporte. A solução deve vir de São Paulo.

Canto, um dos atletas mais identificados com o esporte carioca, já começou a conversar com o Pinheiros, um dos clubes mais poderosos do esporte olímpico do país. A mudança para São Paulo não seria completa, mas ele não mais defenderia um clube do Rio.

"Eu estou sem patrocínio pela primeira vez em muito tempo. Nem me lembro de quando foi a última vez que não tinha nenhuma empresa me apoiando. Acho que nem quando tinha 17 anos e resolvi me dedicar realmente ao judô. É uma situação difícil. Aliás, a situação de todo o esporte olímpico no Rio de Janeiro é muito preocupante", diz o judoca.

"E o mais irônico é que isso acontece em um ano que o esporte está muito em alta na cidade, com a candidatura olímpica. O problema é que, historicamente, os clubes formadores de atletas são os grandes do futebol. E eles não têm mais o hábito de olhar para o esporte olímpico com seriedade", completa.

O caso de Canto é apenas um de muitos exemplos na capital fluminense. Na ginástica, o bicampeão mundial Diego Hypólito sofreu no fim de 2008, quando o Flamengo resolveu acabar com sua equipe de ginástica. Ao lado de sua irmã, Daniele, e Jade Barbosa, ele só tem um patrocínio, conquistado pela Confederação Brasileira.

Na vela, Torben Grael e Marcelo Ferreira, bicampeões olímpicos, desistiram da campanha olímpica para Pequim-2008 também por falta de apoio. Um ano antes dos Jogos, sem patrocínio, Grael aceitou uma proposta para dar a volta ao mundo na Volvo Ocean Race a bordo do barco sueco Ericsson, no lugar de fazer mais uma campanha olímpica pagando do próprio bolso.

"Estamos falando de apostar na campanha para a próxima Olimpíada, mas com essa situação fica difícil. Hoje, não temos patrocínio. E se aparecer um time, por exemplo, da America's Cup querendo o Torben? Como eu posso pedir para o cara recusar um caminhão de dinheiro e continuar fazendo a campanha olímpica, pagando do próprio bolso?", questiona Ferreira, que lidou com situação parecida nas últimas três Olimpíadas.

A situação de Canto é mais difícil porque o Pinheiros teria de aceitar que ele virasse atleta do clube, mas não treinasse com seus novos companheiros. Idealizador do Instituto Reação, ele faz trabalho social em comunidades carentes no Rio de Janeiro e se recusa a deixar a cidade para seguir como atleta.

"Vamos ter de achar um meio termo. Porque eu não posso, atualmente, sair do Rio de Janeiro. O Reação é uma parte muito importante da minha vida e, se tiver de abrir mão de alguma coisa, vai ser o judô", conta o atleta, de 33 anos.

Créditos Bruno Doro
Fonte: Uol

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