30.08.2009
Roterdã - NED
Com Mundial "muito ruim", Brasil deve impor concentração maior aos judocas.
O Brasil fez seu primeiro Mundial sem subir ao pódio desde 2001. Para evitar que isso volte a acontecer, a solução da Confederação Brasileira de Judô pode ser controlar ainda mais os seus atletas. Com o fim do Mundial de Roterdã, o coordenador técnico do judô nacional, admitiu que o sistema de preparação para as competições importantes deve mudar.
Na Holanda, o Brasil fez apenas três quintos lugares, com Sarah Menezes (ligeiro), Rafael Silva (leve) e Daniel Hernandes (pesado). Medalhistas olímpicos em Pequim-2008, Tiago Camilo (médio) e Leandro Guilheiro (leve) não passaram para as finais.
"Foi uma participação muito ruim, muito aquém da nossa capacidade. Acho que a grande maioria perdeu por erros pontuais. Erramos muito mais do que os outros acertaram. E isso pode fazer com que nós repensemos como será feita a preparação", afirma Wilson.
Antes de Roterdã, segundo o dirigente, a comissão técnica teve apenas dez dias para trabalhar com os atletas. Antes, os judocas estavam sob o controle de seus clubes. "Em 2007, por exemplo, tivemos um mês antes dos Jogos Pan-Americanos e um mês antes do Mundial. Foi assim também para as Olimpíadas de Pequim. Talvez o melhor seja ter a certeza de que isso irá se repetir", completa o dirigente.
Para os atletas, o maior problema não foi a preparação, mas a fase do time nacional. "É injusto pegar um Mundial que foi em casa e ainda por cima um ano antes das Olimpíadas, em que todos estavam na ponta dos cascos, com um Mundial de ano pós-olímpico, em que todos estão fazendo testes", justifica Leandro Guilheiro.
Daniel Hernandes, que conseguiu a melhor classificação do time masculino, apontou outro motivo para a má performance: o novo formato do judô. Esse foi o primeiro Mundial em que a repescagem englobava apenas os judocas que perderam nas quartas-de-final, e não mais os atletas derrotados pelos semifinalistas.
Pelo formato antigo, por exemplo, Camilo, Guillheiro e Denílson Lourenço (ligeiro), que perderam para os campeões de suas categorias, poderiam voltar a competir, pelo menos pela medalha de bronze.
"Judô é ingrato. Agora mais ingrato ainda, sem a repescagem. Um monte de gente perdeu para quem foi campeãoe não voltou. Mas o judô moderno é assim, todos passam pela mesma sina de não poder perder", diz o pesado.
Um dos mais experientes do time, Tiago Camilo afirma que as derrotas, pelo menos, vieram no momento certo. "Eu já tenho três ciclos olímpicos, estou partindo para o meu quarto. Sei o que é perder e me sentir desacreditado. Não é essa derrota que vai me derrubar".
Única campeã olímpica a vencer na Holanda, chinesa ganha seu 5º Mundial
A chinesa Wen Tong precisou apenas de oito minutos em cima do tatame para mostrar que é judoca mais dominante do planeta atualmente. Campeã olímpica em Pequim-2008, ela foi a única a conquistar ouro no torneio Chinês e no Mundial de Roterdã, que terminou neste dominfo na Holanda.
Sem rivais, ela venceu suas cinco lutas por ippon e em duas delas, não precisou nem de 20 segundos para isso. Contra Rania El Kilali, do Marrocos, ela venceu em seis segundos. Contra Gulsah Kocaturk, da Turquia, foram 12 segundos. No total, fez cinco lutas que duraram 8min06 somadas.
"Eu conquistei muito no esporte até agora, mas sempre que subo no tatame, sinto que tenho algo a provar. Eu me senti confortável em todas as lutas que fiz, me senti forte. E a força é a beleza do judô", afirmou a chinesa.
Foi seu quinto título mundial (dois deles na categoria absoluto, sem limite de peso) e décimo primeiro lugar em competições do circuito internacional consecutivo. Sua última derrota foi em fevereiro de 2007, quando foi superada pela francesa Eva Bisseni na Super Copa do Mundo de Hamburgo, na Alemanha.
O segundo lugar dos pesados na Holanda ficou com a britânica Karina Bryant. Os bronzes, com a cubana Idalis Boucurt e com a japonesa Maki Tsukada.
Entre os homens, o destaque do dia foi o jovem Teddy Riner, gigante francês de 20 anos. Após decepcionar nas Olimpíadas de Pequim, em que ficou com o bronze, ele defendeu com sucesso seu título mundial de 2007 - conquistado aos 18 anos, o mais jovem campeão mundial da história. Só Riner, Tong e o sul-coreano Ki-Chun Wang foram campeões em 2007 e 2009.
Com um torneio perfeito, ele terminou com o bicampeonato. "Quando o torneio começou, eu estava questionando minha capacidade de vencer. Mas fiz cada luta como se fosse a última e deu certo", disse Riner.
A prata foi para o cubano Oscar Bryson e os bronzes, para o lituano Marius Paskevicius e para o uzbeque Abdullo Tangriev. Nos meio-pesados, o ouro foi para Maxim Rakov, do Cazaquistão, e a prata para Henk Grol, da Holanda. Os bronzes ficaram com Takamasa Anai, do Japão, e Ramadam Darwish, do Egito.
Pela 2ª vez na história, Japão deixa Mundial sem ouro entre os homens
Os inventores do judô sofreram um golpe sério neste domingo. Pela segunda vez na história, e primeira em torneio com mais de uma categoria, o time nipônico deixou um Mundial sem ver um de seus judocas no alto do pódio.
As únicas medalhas do time masculino vieram com o ligeiro Hiroaki Hiraoka, superado na final pelo ucraniano Georgii Zantaraia, e com o meio-pesado Takamasa Anai, que foi bronze após perder nas quartas-de-final. O desempenho é o mesmo que o pior da história japonesa em Mundiais.
O primeiro desastre japonês veio em 1961, em Paris. Na primeira vez que o torneio mais importante da modalidade foi disputado fora do Japão, o holandês Anton Gessink foi o campeão, batendo o japonês Koji Sone na final - outro japonês, Hitoshi Koga, foi bronze. Naquela competição, porém, só foi disputada uma categoria, sem limite de peso. Desta vez, foram sete chances e só duas medalhas.
Os últimos a falharem foram o bicampeão mundial Yasuiuki Muneta (pesado) e o campeão asiático Anai. Muneta perdeu nas oitavas-de-final para Gankhuyag Dorjpalam, da Mongólia, após receber quatro punições. Nem mesmo o meio-leve Masato Ushichiba, bicampeão olímpico, resistiu: foi só até as oitavas-de-final.
No Mundial do Rio de Janeiro, a situação já tinha sido difícil. Os japoneses chegaram ao último dia sem medalhas de ouro, no masculino ou no feminino, mas foram campeões em três categorias no fechamento da competição, duas delas entre os homens. No Brasil, porém, a competição contava com a disputa da categoria absoluto, sem limite de peso, que não é disputada na Holanda - o Japão fez os dois campeões absolutos do Rio.
O desempenho feminino, porém, foi muito superior ao do último Mundial. Em 2007, Ryoko Tani (ligeiro) e Maki Tsukada (absoluto) foram campeãs. Agora, com uma categoria a menos, levaram três ouros, com Tomoko Fukumi (ligeiro), Misato Nakamura (meio-leve) e Yoshie Ueno (meio-médio) - além do bronze dos médios, com Mina Watanabe.
Bruno Doro
Fonte: Uol
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